Arte Baniwa Cestaria de Arumã Cestarias Baniwa

COMO É UTILIZADA

A farinha de mandioca


Massa misturada com diferentes doses de mandioca mole ou puba (que ficou de molho no igarapé fermentando por uma semana), passando pelo tipiti e pela peneira, vira beiju ou farinha. Tem peneira para farinha(oropema), mais aberta e peneira para beiju (dopitsi). Beijus e farinhas se assam em grandes tachos de ferro, com fogo de lenha leve, usando abano de arumã para virar.

Com pouca massa mole fermentada adicionada à massa fresca o beiju fica doce (poottidzaite); se a dose for maior, ficará azedo (kamaite). Para as crianças bem pequenas, faz-se molhoiwa, beiju de pura mandioca amolecida na água, mandioca d’água. A massa fresca logo depois de ralada, se não vai pro tipiti, pode ser lavada com água usando um cumatá, peneira de trançado bem cerrado; a mistura fina cai numa bacia onde decanta: embaixo a goma, em cima o líquido venenoso. Goma pura, bem seca e peneirada, vira farinha de tapioca, curadá, tapioquinha. O líquido bruto da mandioca brava ralada (kainia) tem veneno, que evapora depois de duas horas de fervura, transformando-se em kainia pomakadali, adocicado. Pode ser engrossado com goma ou receber a mistura de batatas, bananas, caroço de umari ou uacú. Adicionando-se farinha, vira um chibé especial. Chibé é qualquer mistura de farinha com água, complemento obrigatório depois de uma refeição, refeição mínima, oferecimento de boas vindas.

Goma misturada com massa fresca serve para fazer beijusespeciais (mheetthiwa), adicionando-se vários ingredientes, como a castanha uará e o caroço de umari.

Há vários tipos de acabamento para os beijus. Patsimeete é um beiju fresco, mole, que permanece assim por um dia e depois fica mais duro (marameete). Mas o beiju pode sair direto do forno para secar sob ação direta do sol, num girau ou nos telhados de palha de caranã das casas, transformando-se em tarhewali, que pode durar até dois meses, modalidade apropriada para viagens longas, como as que os homens baniwa que vivem no Brasil fazem na safra da piaçava na Colômbia, por exemplo.

Extraindo manicoera
Para extrair a manicoera da massa ralada, os Baniwa usam o cumatá ttíiroli, um cesto-coador redondo e grande, trançado de talas de arumã com as malhas bem cerradas, apoiado num tripé de varas. Do líquido coado resulta a tapioca méenthi, um polvilho que decanta no fundo do pote, e a manicoera, que deve ser fervida pelo menos por duas horas até ser liberado seu sumo venenoso. Outro utensílio adotado para o mesmo fim é o tipiti. Para esfarinhar a massa seca no tipiti, usam peneiras trançadas em arumã raspado, com malhas abertas.

Tratamento massa
A massa peneirada vai ao forno para torrar farinha ou assar beijus, com o apoio de grandes abanos de arumã. Os balaios e urutus de arumã servem para reservar a massa da mandioca seca.
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